quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Você sabe o que é BULLYING ?


Por: Solange Matassoli Gomes
Psicóloga – CRP/RJ -05/35480 - (21)9693-0558

     A violência entre crianças e adolescentes vem crescendo assustadoramente, chegando a índices alarmantes, fazendo com que pais e educadores estejam cada vez mais atentos para o problema.
     Através de pesquisas realizadas em todos os países, é possível afirmar que vítimas de bullying podem sofrer muito, apresentando baixa autoestima, desenvolvendo quadros depressivos, culminando até em tentativas de suicídio.
     Mas afinal, como podemos definir o que é Bullying? Este termo é uma palavra de origem inglesa e que no Brasil não tem tradução. Através do dicionário, podemos encontrar significados para a palavra bully, tais como: indivíduo valentão, tirano, mandão, brigão. Por conseguinte atribui-se à palavra bullying, um conjunto de atitudes de violência física (bater, chutar, empurrar, perseguir, derrubar, ferir), verbal (gritar, intimidar, xingar, ameaçar) e/ou psicológica (amedrontar, apelidar, discriminar, humilhar, intimidar, excluir, perseguir, assediar), de caráter intencional e repetitivo, praticado por um ou mais agressor (bully) contra uma ou mais vítima sem condições de defesa.
     De acordo com as circunstâncias atuais, temos a tendência a credibilizar comportamentos de bullying somente nas escolas, porém acredito ser importante destacar que tal comportamento também se faz notar no contexto familiar, às vezes de forma velada, onde pais ou irmãos dominadores, manipuladores e perversos são capazes de prejudicar a saúde física e mental e a autoestima de integrantes da família que demonstram posturas fragilizadas, atitudes passivas e insegurança.
     As instituições educacionais se vêem obrigadas a lidar com fenômenos como o bullying, que embora sempre tenha existido nas escolas de todo o mundo, atualmente ganha dimensões muito mais graves. O fenômeno expõe não somente a intolerância às diferenças, como também dissemina os mais diversos preconceitos e a covardia nas relações interpessoais dentro e fora dos muros escolares.
     Cabe aqui ressaltar que o bullying refere-se ao poder, ou seja, este fenômeno só existe diante de uma relação desigual de poder em que um ou mais alunos tentam subjugar e dominar outros jovens. A criança ou o jovem alvo de bullying, não é capaz de se defender e esse desequilíbrio de poder é que sustenta o comportamento agressivo do bully.
     Os personagens do bullying dividem-se em:
  •  Agressores: julgam-se superiores, têm uma boa autoestima, são habilidosos socialmente, possuem um perfil de liderança e manipulação contra o outro. Apresentam agressividade e impulsividade exacerbada.
  •  Vítima: geralmente são tímidas, retraídas, introspectivas, possuem poucos amigos e apresentam incapacidade de defesa, o que contribui para a manutenção do problema. Podemos classificar a vítima do bullying em dois tipos: a vítima pura (aquele que não faz nada para se tornar o alvo, ele é eleito pelo bully) e a vítima provocadora (aquele que deliberadamente provoca e irrita os colegas de sala de aula).
  •  Testemunhas: convivem diariamente com o medo de se tornarem as próximas vítimas. Apresentam dificuldade de se posicionar e de defender o outro. Na verdade, eles são os espectadores de toda essa violência.
     Não podemos desconsiderar também o mundo virtual em que estamos inseridos e este constitui uma versão multimídia da violência escolar, chamada de cyberbullying que engloba as ameaças e intimidações através da internet e apresentam um caráter mais perverso e covarde que aterroriza os mais frágeis. As conseqüências aos alvos do cyberbullying são devastadoras e muitas das vezes, irreversíveis.
     É importante que os pais observem o comportamento de seus filhos constantemente e estejam sempre prontos para um diálogo transparente objetivando fazer com que eles possam sentir-se seguros e solicitar ajuda quando necessário. Alguns comportamentos de alerta são: quando seu filho, de forma repentina, tem queda no rendimento escolar, mostra-se ansioso ou até mesmo se recusa a ir à escola, evita falar de seus colegas, etc. Neste caso se faz necessário uma investigação das causas destes comportamentos e se existir a suspeita de bullying, o aluno pode precisar de apoio psicológico para aprender a se defender dos agressores e melhorar sua autoestima.
     Enfim, escola e família devem estar sempre atentas e unidas em busca da melhor solução para esta questão de violência que atinge brutalmente crianças e adolescentes dia após dia, a fim de melhorar a qualidade de vida através de atitudes positivas, eficientes e assertivas.

DEPRESSÃO...QUE VAZIO É ESSE?


Solange Matassoli Gomes
Psicóloga - CRP/RJ 05/35480 - Fone: (21) 9693-0558

     Atualmente, através da busca desenfreada das diversas formas de tornarmos nossa vida mais prática, utilizamos variadas tecnologias e sem que percebamos, estamos cada vez mais isolando-nos em nós mesmos.      
     O ser humano é um ser grupal, que necessita estabelecer contatos sociais para sentir-se aceito, acolhido, amado e feliz.
     A depressão é uma doença do “organismo como um todo”, que compromete o físico, o humor e em conseqüência, o pensamento.
     As pesquisas demonstram que a prevalência de depressão é duas vezes maior em mulheres que em homens e que a idade média do início do transtorno depressivo é de 40 anos, sendo que 50% das pessoas acometidas de depressão iniciam o processo entre 20 e 50 anos. É importante salientar que este transtorno também pode ocorrer na infância ou em idade avançada.
     Frequentemente o indivíduo deprimido sente-se triste, desesperançado, desvalorizado, desanimado, sem energia. A depressão altera a forma como a pessoa vê o mundo e sente a realidade, assim como afeta a forma como se sente em relação a si própria e como pensa sobre as coisas. Na depressão, o estado de humor do indivíduo é predominantemente de uma tristeza anormal.
     Este transtorno pode ser desencadeado por conflitos internos motivados por fatores circunstanciais, como: perdas (social, material, afetiva, financeira), desemprego, aposentadoria, conflitos familiares, estresse, dificuldade em lidar com mudanças, enfim vários são os fatores desencadeantes desta patologia que está intimamente relacionada à capacidade que cada indivíduo tem de suportar situações que lhe são impostas em seu cotidiano.
     O humor depressivo e a perda de interesse por atividades que antes eram capazes de dar prazer à pessoa, são os sintomas chaves da depressão. Alterações do sono também são evidenciadas, pois pode ocorrer insônia, onde a pessoa encontra dificuldade para começar a dormir ou acorda no meio da noite ou mesmo mais cedo que o habitual, não conseguindo voltar a dormir.
     A depressão pode afetar o dia a dia da pessoa. Ela é preocupante e muitas vezes, incapacitante. Devido aos frequentes pensamentos de menos valia, culpa em demasia, sentimento de fracasso e incapacidade, existe o risco de suicídio, achando ser esta a “única saída” ou para “se livrar” do sofrimento. Esta é a principal complicação do quadro depressivo.
     A intensidade e a durabilidade dos sintomas irão determinar a gravidade da depressão que pode ser leve, moderada ou severa, dependendo de como seja o rompimento do indivíduo com sua realidade interna e externa.
    O tratamento farmacológico se faz necessário, dependendo da gravidade do quadro depressivo, porém o tratamento psicoterápico constitui relevância no tratamento, uma vez que objetiva trabalhar as distorções cognitivas, aliviando os episódios depressivos, através do desenvolvimento das formas alternativas, flexíveis e positivas de pensar e auxilia na aplicação de novas respostas cognitivas e comportamentais.
     Podemos concluir então que apesar de todo o sofrimento físico e psíquico, a depressão é uma doença reversível, se tratada adequadamente.

ARTETERAPIA



Luciene de Castro Reto - Psicóloga - CRP/RJ: 05/33346
Fones: (21) 9653-4277 e (21) 7726-5692

A Arteterapia pode ser definida como uma prática terapêutica que tem como proposta propiciar ao indivíduo um contato com seu próprio universo imaginário e simbólico através das mais variadas formas de expressão artística. A Arteterapia integra os conhecimentos fornecidos da Psicologia aos de atividades artísticas, propiciando ao sujeito perceber a si mesmo, entrando em contato com seus conteúdos internos, para que possa expressá-los, reorganizá-los e elaborá-los. Trabalhando com os potenciais psíquicos, pedagógicos e de crescimento pessoal contidos em todas as formas de arte, utilizando-se de técnicas expressivas e vivenciais tais como: artes plásticas, desenho e pintura, colagem, modelagem e escultura, dramatização, literatura e contação de histórias, música, dança, expressão corporal, relaxamento, entre outros que permitem um fácil acesso ao inconsciente, atuando diretamente no campo simbólico de atividade humana.
 Para compreender a Arteterapia, suas implicações e benefícios, faz-se necessário refletir primeiramente sobre a importância da arte para o ser humano. O lado humano e lúdico é fundamental na concepção de vida de cada um e por isso o contato com a arte é imprescindível. Através das inúmeras modalidades expressivas da arte o indivíduo desenvolve um processo intenso de conhecimento de si próprio, do outro e do mundo ao qual está inserido, reconhecendo suas limitações e descobrindo seus talentos. É através da apreciação e produção artística que ele aprende e apreende o mundo e aguça sua percepção, criatividade e imaginação, que são indispensáveis para a compreensão de outras áreas do conhecimento, ampliando assim a aptidão de leitura do mundo, de resolução de problemas, tornando-o mais crítico e sensível.
          No que se refere à magia do trabalho em Arteterapia, posso retratar a riqueza da variedade de materiais que servem de ponte para aquelas pessoas que não conseguem ou não querem falar. Como também tem o objetivo de trazer à tona sentimentos esquecidos ou difíceis de serem expressados. E como resultado deste trabalho, a construção desse processo que pode ser transformado em bases sólidas ou apenas em sonhos, desejos, mas que a partir daí surge como algo novo possibilitando que cada indivíduo se encontre ou se redescubra.
        É importante sabermos que a Arteterapia não deve ser considerada como um simples entretenimento, mas sim como uma forma de linguagem que permite ao ser humano comunicar-se com os outros. Desse modo, não significa apenas a liberdade de expressão, mas também o desenvolvimento da autonomia criativa, ampliando o conhecimento sobre o mundo, e proporcionando o desenvolvimento tanto emocional, como social. A Arteterapia é uma prática que trabalha com a transdisciplinaridade de vários saberes, como a educação, a saúde e a arte, buscando resgatar a dimensão integral do homem, processos de autoconhecimento e de transformação pessoal. Almeja a produção de imagens; a autonomia criativa; o desenvolvimento da comunicação; a valorização da subjetividade; a liberdade de expressão; o reconciliar de problemas emocionais, bem como a função catártica.
             Podemos concluir então, que a Arteterapia significa utilizar a linguagem e os materiais de artes plásticas como instrumentos de um processo terapêutico. O papel da arte neste processo é o de facilitar a comunicação e a expressão do indivíduo e, ao mesmo tempo, o de elemento transformador da consciência. A utilização dos conteúdos internos, possibilitando ao sujeito um contato com diferentes formas expressivas.
           Sob o prisma junguiano e Gestáltico, isto significa auxiliar o surgimento, no campo do consciente, de aspectos inconscientes.


VOCÊ CONHECE A DISLEXIA?


Kelly Cristina da S. Campos
Pedagoga Especialista em Psicopedagogia - Fone: (21) 8342-0924


Compreendida como um transtorno de aprendizagem de origem neurológica, a dislexia é um grave problema escolar que chega a atingir até 17% das crianças em todo o mundo.
Pode ser considerado disléxico o indivíduo que, apesar de possuir inteligência normal ou superior à média, ter recebido escolarização adequada e bons estímulos sócioculturais, enfrenta grandes dificuldades para distinguir e memorizar letras, compreender palavras e frases, tendo afetadas assim suas capacidades de ler e de escrever. Tais dificuldades são manifestas desde o início da vida escolar da criança, persistindo caso não haja intervenção profissional especializada que possibilite a minimização dos sintomas.
Pesquisas recentes apontam que a causa da dislexia é genética, ocasionando alterações nas conexões das áreas cerebrais responsáveis pela aprendizagem da leitura e escrita. O disléxico encontra, portanto, grande dificuldade em associar sons às letras que os representam, tornando difícil o ato de ler, pois mesmo que seja uma palavra que já havia sido estudada, para ele a impressão é de que está sendo vista pela primeira vez. Tal alteração neurobiológica significa apenas que o disléxico tem uma maneira diferente de aprender e não está de forma alguma associada à falta de inteligência, pois geralmente ele é mais curioso e criativo que os demais.
Ainda na Educação Infantil, alguns sinais já podem apontar para um possível quadro de dislexia: dispersão, fraca atenção, atraso na fala, dificuldade em aprender rimas e canções, coordenação motora fraca, etc. Já no Ensino Fundamental, as maiores dificuldades são quanto à cópia de livros e do quadro, coordenação motora fina irregular (traçado de letras, de desenhos e pintura), confusão entre direito e esquerdo, leitura muito lenta e insegura para a idade, falta ou adição de letras, confusão entre letras com escrita ou sons parecidos (a/o, c/o, f/t, m/n, b/d, b/p, f/v, etc.), inversão de letras (mãe/meã, sol/los) dificuldade em soletrar, em compreender textos e aprender sequências como, por exemplo, os dias da semana. Em alguns casos a dislexia é acompanhada de disgrafia (letra feia) e discalculia (dificuldade em matemática). Como saber ler é base fundamental para outras aprendizagens, quando não recebe auxílio devido, o disléxico segue acumulando defasagens em várias disciplinas escolares e obstáculos na aprendizagem de um segundo idioma.
É importante destacar que, mesmo sendo observados alguns desses sinais, não significa que a criança é disléxica. Há de se considerar a exclusão de fatores como déficit intelectual, dificuldades auditivas, lesões cerebrais e comprometimentos emocionais. Por se tratar de sintomas que podem também estar associados a outros fatores e não somente à dislexia, o diagnóstico deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar, composta por psicólogo, psicopedagogo clínico e fonoaudiólogo, sendo ainda necessária muitas vezes avaliação oftalmológica e neurológica.
Ao contrário do que muitos pensam a dislexia não impossibilita a aprendizagem da leitura e da escrita, porém, por se tratar de um transtorno pouco conhecido pelos profissionais da Educação, o aluno disléxico geralmente é vítima de exigências que não consegue cumprir como os demais, pois para ele o ensino precisa ser diferenciado, oferecendo-lhe estratégias pedagógicas adequadas.
Por desconhecimento da escola e da família, muitas vezes a dislexia é confundida com falta de inteligência ou preguiça para estudar, e o disléxico, incompreendido, passa por situações constrangedoras que muitas vezes deixam marcas traumáticas, colaborando para o surgimento de comportamentos indisciplinados e agressivos, ou tímidos e inseguros.
A intervenção clínica multidisciplinar possibilitará ao disléxico encontrar suas próprias estratégias de aprendizagem, superando as dificuldades escolares, aumentando sua autoestima e conquistando uma vida profissional sem nenhuma restrição. Para isso também é necessária orientação à escola e à família. Sei que a dislexia e outros transtornos da aprendizagem são tão complexos, que a discussão sobre cada um não caberia no limitado espaço deste artigo. O que pretendi aqui foi transmitir informações que possam ajudar pais e professores a olharem com mais atenção para as crianças que não estão conseguindo aprender como o esperado.
Sejam quais forem as dificuldades que encontrem, nosso dever é saber ajudá-las e amá-las, com a certeza de que cada uma é especial.
 

terça-feira, 4 de outubro de 2011

ATRASO DE LINGUAGEM


Por Lucélia Sousa - Fonoaudióloga - CRFa 10978-RJ
Fone: (21) 9648-5207

     Quando falamos em desenvolvimento de fala, alguns marcos são esperados, sendo que, se estes marcos não acontecem, nos questionamos sobre a possibilidade de haver algo errado com a criança.
     Quando a criança não apresenta linguagem oral após os 18 meses, podemos pensar em questões psicológicas, estímulo insuficiente, problemas auditivos, entre outros.
     O que os pais devem fazer, então, quando a criança apresenta essa diferença em relação aos demais de sua própria idade? A primeira providência é procurar o profissional adequado para acompanhá-lo e avaliar a situação. Esse profissional poderá ser o fonoaudiólogo, que é aquele que cuida das alterações da fala. Havendo necessidade, esse profissional poderá encaminhar a criança a outros profissionais como: psicólogo, neurologista, otorrinolaringologista, entre outros.
     Vale ressaltar que, quando há alteração no desenvolvimento da criança, não devemos esperar o tempo passar achando que, ao crescer, tudo irá melhorar. Pois como já diz o ditado: “melhor prevenir do que remediar”. Então, observando algo que ache diferente, procure quem poderá ajudá-lo, já que, se houver alguma dificuldade, com a intervenção adequada, o problema poderá ser contornado e o auxílio necessário será dado.
     Os pais também poderão se perguntar: Como saber que o meu filho está com um atraso no desenvolvimento da linguagem?
     Seguem alguns marcos deste desenvolvimento, mas devemos estar atentos que cada criança é única e que o desenvolvimento é individual. Os marcos listados são apenas um guia, uma diretriz e todos os achados devem ser relacionados pelo profissional competente.

     * 0 a 12 meses:

Compreensão através da linguagem não verbal, uso de gestos. Compreende palavras simples e com referência ao concreto. Poderá falar 1 ou 2 palavras com significado.

     *12 a 19 meses:

Começa a compreender frases simples no contexto. Usa pistas como olhar para completar a informação que quer passar. Uso de algumas palavras.

     * 19 a 24 meses:

Início de conversas básicas. Mantém mais atenção. Aumenta seu vocabulário.

     * 25 a 36 meses:

Compreende situações como perguntas, pedidos de forma mais completa. Forma frases. Vocabulário abrangente.

     Os pais podem ajudar a criança a desenvolver a sua linguagem de forma mais plena ao fazê-la interagir com o mundo que a cerca. Podem ser trabalhadas atividades que envolvam os diferentes órgãos dos sentidos.


     Primeiro a visão: mostre a criança todas as coisas que existem ao seu redor e nomeie para ela. Assim, ela desenvolve seu vocabulário.

     Tato: dê à criança a oportunidade de tocar as coisas. Mexer com diferentes texturas, experimentar através do toque e quando ela estiver experimentando, nomeie tudo para ela.

      Audição: fale com a criança mesmo que ela não possa lhe. Use frases simples, curtas e de situações concretas. Escutar: leve seu filho a prestar atenção nos diferentes sons ambientes. Mostre os animais e imite seus sons.

     Paladar: use esse sentido para explorar o mundo, os diferentes gostos.

     Olfato: ensine a descobrir as coisas pelo cheiro, apresente algo e, depois de sentir o odor, nomeio-o.

     Ações: mostre a criança como explorar os objetos ao invés de meramente jogá-los no chão. Mostre como mexer, puxar e usar objetos.

      Agindo dessa forma a criança estará em contato com os mais variados estímulos e usando diferentes canais para recepção.
     O mais importante: brinque, interaja com a criança, converse com ela. Se notar que a criança poderá apresentar um atraso de linguagem, procure um fonoaudiólogo.

MEU FILHO VAI À ESCOLA: MAS PORQUE NÃO APRENDE?


 
Por Kelly Cristina Campos - Psicopedagoga
Fone: (21) 8342-0924

O QUE PODE ATRAPALHAR A APRENDIZAGEM?
    
     É comum a insatisfação ou frustração dos pais quando o filho não consegue aprender. Diante do fracasso escolar de uma criança ou adolescente, surgem para a família os mais variados sentimentos e questionamentos.
     A preocupação aumenta por vivermos numa sociedade em que possuir conhecimento formal é importante para a realização pessoal e profissional.
     Aprender pode ser entendido por modificar-se. De modo geral possuímos as condições necessárias para percebermos e interpretarmos o mundo. Nesse processo é absolutamente saudável encontrarmos dificuldades, afinal de contas, lidar com o desconhecido causa certa confusão inicial. Mas, após esse momento, relacionamos o conhecimento novo (em aquisição) com o velho (já adquirido), resultando numa mudança em nós mesmos, pois como disse Einstein: “a mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”.
     Na aprendizagem escolar, a criança ou o adolescente pode fracassar, estacionando na fase da confusão frente ao novo, não conseguindo avançar. Quando alguém não consegue atender às exigências de conteúdos da escola, é necessário que a família e/ou a instituição de ensino pensem sobre o que pode não estar dando certo, levantando questões como:

* A metodologia da escola é adequada ao modo como a criança/ adolescente aprende?

* A escola tem professores bem qualificados, espaço físico e material didático adequados?

* A família oferece estímulos culturais enriquecedores (leitura, teatro, música de qualidade, etc)?

* A família está cobrando desempenho além do que a criança/ adolescente é capaz?

* A família é organizada, oferecendo rotina adequada e supervisão dos trabalhos escolares?

* A família proporciona ambiente equilibrado e afetuso, possibilitando que os sentimentos possam ser colocados com sinceridade e respeito, evitando graves conflitos emocionais?

Além desses aspectos, é necessário considerar que transtornos de ordem mental, uso de medicamentos que possam interferir em funções como atenção e memória e influências de álcool ou tabagismo maternos no período gestacional podem, de maneira isolada ou combinada, prejudicar a aprendizagem.

O QUE FAZER QUANDO A CRIANÇA OU ADOLESCENTE NÃO APRENDE?

     Para auxiliar alguém que enfrenta dificuldades de aprendizagem é necessário identificar a causa (ou causas), realizando avaliação psicopedagógica clínica que, de acordo com cada caso, além do psicopedagogo (profissional que lida com processos normais e patológicos da aprendizagem humana), pode contar com diagnóstico de uma equipe multidisciplinar (médico psicólogo, fonoaudiólogo, etc). Identificada a origem da dificuldade, um plano de intervenção clínica é traçado e posto em prática, sendo fundamental o engajamento da família.
    
     Proporcionar condições para que crianças e adolescentes conquistem ou recuperem o prazer de aprender é um ato de amor.




DÚVIDA: HIPERATIVIDADE OU FALTA DE LIMITES?


Por Solange Matassoli Gomes - Psicóloga - CRP/RJ 05/35480
Fone: (21) 9693-0558
   Frequentemente nos deparamos com mães, pais e professores, questionando o comportamento de algumas crianças. As exclamações são constantes, do tipo: “Meu Deus! Ele não pára!” “Parece que tem bicho carpinteiro!” “Vive no mundo da lua!” “Como pode? Perde tudo!” Enfim, não há uma harmonia entre a criança, a dinâmica familiar e escolar, além de estender- se ao convívio social, pois os conflitos tornam-se diários sobre as tarefas, lições de casa, relação entre irmãos, comportamento na escola e relacionamento social.
     Crianças que têm dificuldade em ficar sentadas e quietas, que se remexem o tempo todo, que apresentam dificuldade em controlar sua impulsividade, que frequentemente estão envolvidas em conflitos e discussões, que não conseguem atenção, que apresentam uma coordenação motora ou controle muscular pobre, atingindo assim um nível de incapacidade em seu desenvolvimento, tendem a ser definidas como portadoras do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, mais comumente chamado de TDAH. 
     O TDAH é um problema de saúde mental que tem três características básicas: a desatenção, a agitação (ou hiperatividade) e a impulsividade. Este transtorno é considerado como um grande limitador na vida da criança ou do adolescente e das pessoas com as quais convive, podendo gerar dificuldades emocionais, de relacionamento familiar e social, bem como um baixo rendimento escolar.

     Geralmente esse transtorno acompanha o indivíduo na vida adulta, porém seus sintomas são mais evidentes durante a infância. Muitas vezes esse transtorno é acompanhado de outros problemas de saúde mental.
     É muito importante salientar o cuidado que se deve ter com a banalização do diagnóstico, assim como, com as rotulações equivocadas por desinformação ou comodismo, que definem indevidamente uma criança TDAH, o que comumente se evidencia nas instituições de ensino, pois devido ao desconhecimento de alguns profissionais da educação, solicitam aos responsáveis que essas crianças sejam encaminhadas por profissionais especializados, na expectativa de confirmação de um diagnóstico de TDAH, já previamente “dado” pela escola. O mesmo ocorrendo com determinados pais, que para se isentarem de possíveis falhas no processo de educação de seus filhos, recorrem a uma nomenclatura específica que possa justificar algumas atitudes das crianças. Evidencia-se assim, a necessidade de se fazer uma avaliação adequada do quadro, seja a nível familiar e/ou social.
      O diagnóstico de TDAH é fundamentalmente clínico e só deve ser realizado por um profissional de saúde, seja ele médico ou psicólogo.
COMO AJUDAR OS PORTADORES DESTE TRANSTORNO? 
       Intervenções precoces podem minimizar o impacto negativo que o TDAH traz à vida da criança, dos pais e dos professores. Na maioria das vezes é necessária a combinação de várias das seguintes intervenções:

* Esclarecimento familiar sobre o TDAH.

* Intervenção psicoterápica com a criança ou adolescente.

* Intervenção psicopedagógica e/ ou de reforço de conteúdos.

* Uso de medicação.

* Orientação de manejo para a família.

* Orientação de manejo para os professores.

     Se após a leitura deste texto, você conseguiu reconhecer aspectos substanciais que se identificam com seu filho ou algum familiar, procure um profissional indicado (médico ou psicólogo) para maiores esclarecimentos.