segunda-feira, 27 de maio de 2013

CASAMOS... SEPARAMOS... E AGORA?

Solange Matassoli Gomes
Psicóloga - CRP: 05-35480



Quando decidimos nos unir a uma pessoa, construímos de forma consciente ou não, desejos e sonhos os quais acreditamos serem eternos. Porém, compartilhar alegrias, tristezas, angústias, expectativas, e..., nem sempre é muito fácil, pois como seres singulares que somos, muitas das vezes não estamos prontos ou até mesmo não queremos nos flexibilizar ao outro. Entender a necessidade e a importância das adaptações ao longo da vida não constitui uma tarefa muito fácil e apesar de todos os esforços, às vezes concluímos que para sermos realmente felizes, precisamos ir em busca daquilo que poderá nos proporcionar a “felicidade” tão sonhada e que necessariamente ela não está vinculada  àquela pessoa escolhida a priori.
Na grande maioria das vezes, a solução caminha para a dissolução da união ou do casamento. Atualmente o número de casais separados cresce significativamente em todo o mundo e mesmo sendo um fato comum na sociedade, não podemos desconhecer que é um momento complicado e que implica em sofrimento para ambas as partes. Contudo, a situação torna-se mais delicada quando precisamos compartilhar a decisão com os filhos. As dúvidas inevitavelmente surgem: Quando e como contar? Devo ou não contar? Conto agora ou deixo para depois? E se.....?
A forma como o pai e a mãe enfrentam a separação, pode influir de maneira negativa ou positiva na vida futura dos filhos, principalmente na vida afetiva.
O momento certo para falar com os filhos sobre a separação deve ser logo após a decisão ser definitiva e assumida pelo casal e pouco antes do casal se separar fisicamente, ou seja, morar em locais separados.
Algumas mães tendem a justificar a ausência dos pais de forma muito distante da realidade, acreditando assim evitar fazer sofrer os filhos. Negar o que se passa, o que se sente, pode gerar muitas consequências. É claro que os filhos têm o direito de saber e o melhor caminho é sempre a verdade e esta é importante que seja dita pelos próprios pais, pois uma vez que não o façam, fatalmente poderão estar dando espaço para que a criança saiba por outra pessoa, o que poderá provocar a sensação de ter sido traída por aqueles em quem tanto confiava.
A conversa com os filhos deve ser franca e sem mentiras. Obviamente, para cada idade deverá ser usado um tipo de linguagem adequada. É importante que o casal esteja junto para esta conversa, até mesmo como forma de demonstrar para os filhos que eles não são “inimigos”, somente não se amam mais para ficarem juntos, mas que nunca deixarão de ser pai e mãe. Explicar o motivo da separação, informar quando e como será, o que acontecerá com eles, ouvindo sempre seus desejos, sentimentos, dúvidas e medos e tranquilizá-los, além de lembrar-lhes sempre o quanto são amados, com certeza ajudará e facilitará muito o processo de aceitação da separação.
Geralmente as crianças menores têm a tendência a sentirem-se culpadas pela separação, pois acreditam que fizeram algo de errado e por isso o pai ou a mãe está “indo embora”. É importante deixar bem claro que os filhos não têm culpa nem poder de separar ou unir o casal e que esta escolha não depende deles.
Após a separação é importante que a rotina dos filhos seja preservada e que na  medida do possível a presença constante de quem saiu de casa seja mantida.
Dependendo da forma como for conduzida a situação, a criança poderá reagir bem ou começar a apresentar algumas mudanças de comportamento após a separação. Os pais devem ficar atentos. Algumas crianças ao receberem a notícia podem parecer aceitar sem reação alguma, porém com o passar do tempo, começam a manifestar reações inesperadas como agressividade, tristeza, queda no rendimento escolar, insônia, agitação, pesadelos e até mesmo somatizações como dores de cabeça, desconforto estomacal ou intestinal, recusa à escola e outras manifestações. A criança deve se sentir amparada e querida pelos pais, porém é comum muitos pais sentirem-se perdidos em como lidar com esta situação e é neste momento que a ajuda de um psicólogo é providencial.
Busque ajuda, se necessário!