segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

A ENTRADA DA CRIANÇA NA CRECHE


                   Kelly Cristina da S. Campos - Psicopedagoga
                                    Fone: 8342-0924


     A partir dos nove meses, a maioria das crianças já responde através do medo ao se deparar com situações e pessoas estranhas.
     A ansiedade por separação da figura de apego pode ser considerada como uma resposta a situações de ameaça à sobrevivência. Quando é deixada pela mãe, a criança responde através de comportamentos intitulados “protesto de separação”. As reações no momento da separação podem ser várias, incluindo olhar de cautela, inibição da ação, expressão facial assustada, tremor ou choro, busca de abrigo, esconder-se e agarrar-se a alguém. Muitas patologias físicas e mentais podem ser decorrentes da falta ou descontinuidade da relação entre a criança e a figura de apego.
     O fato de algumas crianças sentirem de maneira mais ou menos impactante a separação da mãe ou de sua substituta se dá devido às circunstâncias de como ela se percebe cuidada na ausência da figura de apego, além da idade da criança e do tempo da separação.
     Não podemos afirmar que exista uma idade ideal para se matricular uma criança na creche. Alguns estudos sugerem que quanto mais cedo melhor é para a adaptação. Outros, porém, apontam que crianças que antes dos nove meses passaram a receber cuidados alternativos (babás em casa, casas de cuidadores e creches) por mais de vinte horas semanais, ao completarem um ano de idade estavam mais propensas a apresentar insegurança. Já os que entraram com idade entre 12 e 17 meses ou após os dois anos têm relações mais satisfatórias e são mais tolerantes à frustração, podendo ser este o período considerado melhor para a entrada da criança na creche.
     Para tornar este processo menos doloroso, é necessário que a criança seja introduzida em cuidados alternativos nos primeiros dias, chamado período de adaptação. Tal período é iniciado desde os contatos iniciais da família com a creche, pois as impressões dos pais e o vínculo destes com a instituição influenciam a forma de como a criança irá se sentir nesse novo espaço. Não há consenso quanto à duração do período de adaptação, podendo durar meses ou até não se estabelecer, dependendo da família, da criança e da instituição. A procura pela instituição mais adequada precisa obedecer a um planejamento, ou seja, a família deve fazer essa escolha, com tempo suficiente para iniciar o processo de adaptação com antecedência de algumas semanas.
     É necessário que a família esteja atenta ao comportamento da criança, pois ele irá indicar se ela está se adaptando bem ou não. Comportamentos que indicariam falta de adaptação à creche poderiam ser: reações agressivas com colegas e educadoras, brincadeiras envolvendo conteúdo destrutivo, comportamento de evitação e resistência, baixa tolerância à frustração e ao estresse, dificuldade em ser confortada, elevada ansiedade de separação expressa pelos comportamentos de agarrar-se aos pais durante a separação matinal, chorar e protestar, recusar o grupo, hostilizar as rotinas da creche, brincando somente com seus próprios brinquedos, ou desmotivar-se para brincar, sendo este o maior dos indicadores.
     A adaptação das crianças e suas famílias à creche pode ser facilitada quando a instituição adota algumas práticas como: entrevistas de matrícula para conhecer aspectos objetivos e subjetivos da família e da criança, reunião inicial para que a família conheça a instituição, seu projeto pedagógico e sua equipe, contato diário com aumento gradual do tempo de permanência para exploração do espaço e familiarização com a educadora, sendo autorizada a presença da mãe ou da figura de apego, separação definitiva (sem companhia do familiar) somente após estabelecimento de vínculos fortes da criança com a educadora e permissão para que a criança faça uso de objetos de importância afetiva, vinculados a sua família como chupeta, paninho e brinquedos.
     A entrada na creche impõe que os envolvidos estejam conscientes de que as bases da personalidade de um adulto são formadas nos primeiros três anos de vida e, neste caso, a qualidade dos cuidados/educação recebidos pela criança é fundamental.


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